segunda-feira, novembro 10, 2014

OS FILHOS DA ALIANÇA E O ARCO-ÍRIS


Porei nas nuvens o meu arco; será por sinal da aliança entre mim e a terra. Sucederá que, quando eu trouxer nuvens sobre a terra, e nelas aparecer o arco, então, me lembrarei da minha aliança, firmada entre mim e vós e todos os seres viventes de toda carne; e as águas não mais se tornarão em dilúvio para destruir toda carne. O arco estará nas nuvens; vê-lo-ei e me lembrarei da aliança eterna entre Deus e todos os seres viventes de toda carne que há sobre a terra Gênesis 9.13-16

Como o aspecto do arco que aparece na nuvem em dia de chuva, assim era o resplendor em redor. Esta era a aparência da glória do SENHOR; vendo isto, caí com o rosto em terra e ouvi a voz de quem falava. Ezequiel 1.28

Quando Wadislau e outros iniciaram a congregação da New Life Fellowship em Boston, foram pintadas as cores do arco-íris para indicar a aliança que Deus fez com seu povo. Na época, eu trabalhava prestando assistência a pessoas portadores do vírus HIV, muitas delas envolvidas em homossexualidade. A todos falei de Cristo e demonstrei o amor de Deus na prática, sem abrir mão da fé no único Senhor e sua Palavra. Isso fez com que muitos da comunidade gay estranhassem uma atuação cristã que age com crença na Palavra Santa de Deus. Achavam que eu tinha de defender a causa GLS e desprezavam a Bíblia que eu procurava compartilhar—mas vinham a nossa casa para jantar conosco, contavam conosco para ajudá-los quando estavam doentes ou precisavam recursos para sobreviver na selva de Boston e arredores.

Um dia, um cliente disse: “Passei de carro em frente à sua igreja e vi o arco-íris. Gostei. Vocês aceitam a gente...” Pensei com meus botões: Ele acha que o arco-íris é aprovação da “causa gay”. Essa jamais foi nossa intenção! Como é comum a distorção de tantas coisas pela imitação barata e profana, foi roubado o símbolo multicolorido da graça de um Deus eterno, que fez aliança com toda a terra. Hoje em dia uma congregação presbiteriana ortodoxa não escolhe mais o arco-íris como um logo identificador da comunidade! Pensei em como é tênue a linha entre amar e acolher o próximo, pecador como eu, e aceitar a perversão e o pecado do que persiste num estilo de vida longe de Deus.

Aquele “John” jamais entrou em nossa igreja. Mas “José” veio—não atraído por suposta inclusão, mas pela promessa de que “o que vem a mim jamais terá fome; e o que crê em mim jamais terá sede... Todo aquele que o Pai me dá, esse virá a mim; e o que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora” (João 6.35-40). José creu em Cristo como seu Salvador; arrependeu-se de seus pecados; deixou seu parceiro homoafetivo e seu modo de vida confuso; Wadislau o batizou e quando José professou a fé, não foi feita nenhuma menção de homossexualidade passada—somente inclusão como todo e qualquer irmão arrependido, chamado para participar da família de Deus. Ao lembrar a morte desse irmão em Cristo, penso na certeza de que José está na presença do Senhor com “vestiduras brancas” porque lavado pelo sangue de Jesus.

Hoje vemos muita celeuma nas redes sociais com respeito a homossexualidade—mais do que qualquer outro pecado, este leva a espadas e tapumes entre os evangélicos brasileiros. Infelizmente, crescem os casos que pessoas que desprezam a Palavra de Deus e “assumem” comportamentos dos quais a Bíblia afirma: não entrarão no reino dos céus os que tais coisas praticam. Conto na mão casos de amigas queridas cujos companheiros (até líderes na igreja) abandonaram o casamento e foram atrás do amor pérfido com outros homens. Alguns desses não chegaram a se casar com mulher, mas foram “pegos”, denunciados, e expulsos de nosso meio. Entre esses, alguns foram restaurados, mas restaram falatório constante e cicatrizes profundas.

Parece que outros pecados, tão sérios quanto este, não recebem a mesma importância. Uma das tristes constatações que meu marido comentava quando conselheiro de pastores era a grande incidência de adultérios e casamentos desfeitos em função de infidelidade de parte daqueles que foram chamados, treinados e atuavam pastores do rebanho de Deus. Você e eu os conhecemos, e lamentamos: “Como foi que tal e tal caiu?” Esposas, maridos indo atrás de outros, amores distorcidos! E, muitas vezes, as igrejas fazem vista grossa, porque fulano é muito bem preparado, ou bem quisto, ou bem situado...

Quando Paulo escreveu sua primeira carta a uma igreja cheia de dons e igualmente abarrotada de pecado, disse que os injustos não herdam o reino de Deus:

Ou não sabeis que os injustos não herdarão o reino de Deus? Não vos enganeis: nem impuros (a versão ACFiel diz devassos), nem idólatras, nem adúlteros, nem efeminados, nem sodomitas, nem ladrões, nem avarentos, nem bêbados, nem maldizentes, nem roubadores herdarão o reino de Deus. Tais fostes alguns de vós; mas vós vos lavastes, mas fostes santificados, mas fostes justificados em o nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito do nosso Deus. 1Coríntios 6.9-11

Parece que além dos alardeados pecados sexuais também estão na lista os idólatras, avarentos, ladrões, bêbados, maldizentes e roubadores. Se pensarmos bem, nenhum de nós escapa! O realismo com esperança, característica do ensino paulino, continua afirmando: “Tais fostes alguns de vós, mas vos lavastes, fostes santificados, fostes justificados em o nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito do nosso Deus”...

Oh glória! E esta não é uma expressão de evangeliquês sem significado, mas a esperança que lembra a glória do Senhor presenciada por Ezequiel (1.28) e por João apóstolo, que nos faz cair com rosto em terra e adorar diante do trono o único digno de receber glória.

Como alguém que deseja viver a teologia bíblica na prática, não posso deixar de me compadecer das pessoas que, em vez de viver nas garras do Leão Cordeiro, andam pelas tramas trapaceadoras e tropeçantes deste mundo tenebroso. Debaixo do arco-íris da aliança do Deus que não pode mentir, das promessas de quem firmou o pacto com sangue na cruz e provou a verdade com o túmulo vazio, não posso ceder a falatórios quanto aos pecados de meus irmãos—tenho de me revestir da justiça de Jesus Cristo e permanecer firme, sabedora de que somente em Cristo temos condições de viver dignamente.

Elizabeth Gomes

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