sexta-feira, abril 20, 2012

WHAT'S IN A NAME?

O que há num nome? Se chamarmos uma rosa
Por qualquer outro nome, ainda haverá o perfume...
Shakespeare, Romeo e Julieta, 1600.

Depois de tempo rejeitando a idéia de usar Facebook, aderi – e estou gostando dos contatos renovados e da possibilidade de comunicar a graça de Jesus a novos e velhos amigos. Entrei no site de uma amiga que conheci quando adolescente e nunca mais vi, e constatei que seu nome (para mim sempre incógnita porque em dinamarquês) significa “Mulher de Respeito”. Fiquei pensando no que está embutido, inserido, sugerido e proclamado no nome das pessoas amigas.

A começar com o meu. Diz a lenda familiar dos Stowell Charles que, depois que nasci e que constataram que eu não era o tão esperado “David”, minha mãe queria me nomear “Faith” – algo precioso para ela e que o seria para mim, mas soava meio esquisito: “Olá Fé... Vem cá, Fé...” – e meu pai queria dar o nome de sua irmã mais velha: Olga (certamente isso me taxaria para sempre de alemoa batata). Os dois fizeram um acordo e me deram o nome Elizabeth, “Consagrada a Deus” – o que haviam feito antes de eu nascer e que confirmei muitas vezes ao Senhor – Aquele que me elegeu antes de eu ser projeto de gente, antes mesmo de o mundo existir.

Tenho diversas xarás que são minhas amigas queridas – na maioria, irmãs em Cristo. E tenho irmãs e irmãos com os mais diversos nomes, todos importantes, nenhum dos quais é feio. Levamos em conta a diversidade de línguas deste planeta e de atribuições que cada língua tem à compreensiva sonoridade ou estética cultural e...

Um filho meu, pequenino ainda, perguntou-me:

– Por que a vovó tem o nome de Xixi?

– Como?

– Ela não chama Ulina? – justificou o projeto de Cebolinha quanto ao nome poético da minha segunda mãe, Eulina.

Um sobrinho perguntou:

– Por que me chamam de Mau(rício)? Deviam me chamar de Bomrício.

Ou a classe de escola dominical dos baixinhos que recebeu a menina recentenmente vinda da Inglaterra, de nome nobre: Fiona – e caiu na risada por receber uma coleguinha de nome Feiona. Ou então, vindo de outro país, um médico amigo que se chamava Fedor. Ou Sara, minha cliente de biblioteca pública nos Estados Unidos, proveniente de Israel, de sobrenome Shitlip (que não ouso traduzir porque essas coisas “nem se nomeiam entre vós” haha!). Ficamos sabendo que a cidade em que vivemos, onde vivem muitos imigrantes coreanos, tem nome que na língua deles soa muito feio.

Todos temos amigos que odeiam o nome porque parece não “caber” com a cara. Por exemplo, uma tia de meu marido foi sempre conhecida como “Elvira”, apesar da certidão de nascimento constatar que era “Lorízia” (ali tem outra lenda familiar de marido querendo um nome e a mulher escolhendo outro...).

Grande maioria das mulheres ainda muda de nome acrescendo o sobrenome do marido no casamento. Conheço até quem, homem, assumiu o sobrenome da mulher – por ser ela mais conhecida e querida na sociedade em que estavam inseridos.

Alguns grupos brasilíndios evitam dizer o próprio nome, para este não ser mal usado pelos espíritos. Brasileiros e gringos, gregos, troianos e curdos – usam mal os nomes de seus semelhantes, e tomam em vão o Nome do Soberano Senhor, o que é infinitamente pior.

Na Bíblia, de Gênesis a Apocalipse, os nomes têm grande importância. Falam dos atributos das pessoas. Jacó foi chamado de Israel. José foi chamado de Zafenate Panéia, pelos egípcios quando se tornou governador. Daniel e seus amigos foram nominados com nomes babilônicos: Beltessazar, Sadraque, Mesaque e Abede-nego – e conquanto recusassem as iguarias do rei pagão, não recusaram os nomes da nova cultura.

O profeta Isaías, que teve um filho de nome Rápido Despojo Presa Segura – o tipo de nome e situação que só desejaríamos dar a um inimigo – falou seiscentos anos antes de acontecer, de um Menino de múltiplos e sublimes nomes: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz, Jesus e Emanuel.

Este Jesus orou por nós pedindo ao Pai: “Guarda-os em teu nome” (João 17.11). No nascimento da igreja ouvimos logo que “todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo” (Atos 2.21) porque “abaixo do céu não existe nenhum outro nome dado entre os homens pelo qual importa que sejamos salvos” (Atos 4.12). Seríamos odiados por causa do seu nome (Marcos 13.13) e batizados “em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28.18-20). Deus exaltou o Senhor Jesus para que ao seu nome se dobre todo joelho no céu, na terra e debaixo da Terra (Filipenses 2.21). Hoje, o cristão faz tudo em nome de Jesus (Colossenses 3.17 – como se usássemos o anel de sinete do rei como reconhecimento de firma do Senhor) e nós mesmos recebemos dele um novo nome (Apocalipse 2.17; 3.5).

O nome jamais deverá ser usado como mandinga ou palavra mágica. O poder não está nas palavras dos nomes, como querem alguns, nos sons (como OM dos pagãos ou sibilantes de alguns irmãos que carregam no Jesusss para denotar maior espiritualidade), mas, sim, na Pessoa Preciosa que porta o Nome Eterno.

Nomes não são apenas palavras – são atribuições individuais que podem se tornar coletivas, quando agregadas a grupos e povos. Jesus – não só o nome, mas o Verbo Vivo que vivifica, transforma-nos e conforma-nos à sua própria imagem, mais e mais – nele temos uma identidade única e a de um povo todo que é seu.

Quanto a mim, eu descanso na certeza de que tenho ainda um nome que transcende diferenças linguísticas e nacionais – um novo nome, que DEUS (nome comum que assume propriedade quando se refere ao EU SOU) – nos atribui, pessoalmente. Um dia, conhecerei como também sou conhecida (1Coríntios 13.12b).

Eu Gosto do meu nome. E você, do seu?

Elizabeth Gomes

Nenhum comentário: