sexta-feira, dezembro 16, 2011

COM OS QUE CHORAM E COM OS QUE SE ALEGRAM


De vez em quando faz bem sentir o peso da existência. Como disse o sábio: “Melhor é a mágoa do que o riso, porque com a tristeza do rosto se faz melhor o coração” (Eclesiastes 7.3). Poderá parecer que o próprio coração, ansiando sentimentos celestes, aperta os olhos da gente para trazer vida a um ou outro desses desertos terrenos. No entanto, são coisas que vêm de cima, do Deus bondoso, que na mó da disciplina prepara o alimento da alma. Nele, há sempre uma promessa que conforta, consola e anima. “Ao anoitecer, pode vir o choro, mas a alegria vem pela manhã” (Salmo 30.5).

Mesmo sabendo essas coisas, a experiência é dura. Quanto a mim, quando são minhas as disciplinas e dores, eu encho o peito, reteso os músculos e sigo em frente nos joelhos e nos pés. Mas quando são as aflições de queridos, o desejo é de carregar o peso, sofrer os cascalhos do caminho, pensar seus ferimentos, minorar as dores. Mas quê? Minhas mãos não vão além do meu coração nem meus pés vão além da minha vista. Sequer pude prover para minhas necessidades, que dizer sobre as dos outros. Graças a Deus por Jesus que suportou nossas dores e nossos pecados levou sobre si (ver Isaías 53).

Uma visão diferente

Um homem, entre sério e divertido, pouco vê do mundo aparente. Sofre dores e cuidados que sugariam a visão de vida de outros menos fortes. Muitas vezes, não se sente em casa no lugar para onde volta do trabalho ou peregrinações, com os olhos em lugares mais amenos. No entanto, o coração se alegra na amada, a fiel e zelosa, e nos filhos que gemam caminhos e carinhos. Os olhos da mente ágil vêem luz e sombra e cores, composições de arte, e buscam caminhos mais belos, mesmo que mais longos. “Lembra, pais, na fazenda, quando ao cair da noite você ia acendendo as luzes do interior da casa? Pois vou fazendo o mesmo.” E eu o vejo guardado sob os olhos do Senhor.

Um pensamento diferente

Uma senhora, entre esperançosa e pragmática, teve de aprender a pensar de muitos modos. Depois de dores de partos e de alegrias de ver os filhos nascidos, ainda guarda sofrimentos que teriam roubado a fé a mulheres mais fracas. O brilho do primogênito molha os olhos com sentimentos de sadio orgulho. A ternura do meado traduz extrema alegria que convive com um pensamento de diferente brilho – de cuja luz só Deus conhece os meandros. O caçula, devolvido das águas como que por milagre, arranca soluços e risos da memória. Nem sua enfermidade nem a doença maligna do companheiro nobre puderam derrubar o duro cepo plantado junto à boa água. E eu a vejo guardada no entendimento do Senhor.

Uma experiência diferente

Um homem, entre destemido e desafervorado, experimentou vitória e derrotas nas próprias lutas e nas do Senhor. Conheceu o bem e mal e a ambos entregou ao Senhor de sua vida. Viu suas palavras boas levantarem causas e pessoas, e viu suas palavras mal contidas escaparem ao controle de suas mãos. Viu palavras verdadeiras serem transformadas em armas da mentira, viu a morte de perto várias vezes – e em tudo se enfraqueceu para que o Senhor lhe fosse por escudo e fortaleza. A esposa, amiga de embates e triunfos, e os filhos que se fazem bênçãos, testemunham-lhe o espírito perdoador. Eu o vejo experimentando o caráter de Jesus.

Se pudesse, daria meus olhos, meu entendimento, cada fibra do meu ser, para que meus filhos tivessem vida calma e tranquila, manhãs de sol, mesas postas e sono pronto. Mas como sei que nossa parte da herança de Cristo, uma riqueza infinita de bênçãos nos lugares celestiais em Cristo, inclui aflições com bom ânimo (João 16.33), rogo a Deus que me permita cumprir aquilo que posso: “Alegrai-vos com os que se alegram e chorai com os que choram” (Romanos 12.15).

Wadislau Martins Gomes

Um comentário:

taniamcassiano@gmail.com disse...

Rev.,
Muito emocionante e reconfortante o post.
Compartilhei com meus filhos.
Abs.